Não, essa não é uma pergunta tão simples o quanto parece.
Interessante notar como temos facilidade em abandonar a ideia original
das coisas. É o que acontece quando vamos escrever uma carta. Passamos meia
hora discorrendo sobre vários assuntos em uma folha qualquer e, finalmente
quando achamos que já está bom e vamos "passar tudo a limpo", lá vêm
chegando novas idéias, novos argumentos... e passamos mais uma hora
modificando tudo que estava naquele borrão. No final de tão penosa maratona, o
que temos? Duas cartas totalmente diferentes nas mãos!
Aparentemente é isso o que vem acontecendo em relação aos ministérios
de música espalhados por todo o Brasil. Temos hoje diversos conceitos,
variantes da ideia original, que muitas vezes acabam por ser, como diria o
poeta, "o avesso do avesso do avesso" daquilo para o qual fomos criados.
Existem pessoas que têm uma visão simplista das coisas: O ministério de música serve para "animar o grupo". É como se fôssemos um "enfeita-festas", uma espécie de "mascote do grupo" ou algo parecido.
Existem pessoas que têm uma visão simplista das coisas: O ministério de música serve para "animar o grupo". É como se fôssemos um "enfeita-festas", uma espécie de "mascote do grupo" ou algo parecido.
Outros preferem encarar o ministério de música de maneira mais
"psicológica". Para estes "isso é só uma fase; logo, logo estes
meninos amadurecem e escolhem um ministério mais sério". Assim, tudo o que
a música tenta realizar é encarado como uma mera brincadeira, algo sem futuro
mesmo.
Músicos Auto-suficientes |
Outra corrente, mais perigosa, é a dos separatistas. Ministros de
música que acreditam firme-mente que já não precisam do grupo de oração, que o
ministério é auto-suficiente. Estes, se lhes perguntam "- Ei, você é da
Renovação Carismática?", logo respondem (ou pensam em responder) "-
Não, eu sou do ministério de música!".
Mas, na realidade, o sonho de Deus é bem diferente.
Ele nos resgatou do nada, nos retirou dos abismos de nossa solidão e
nos plantou em meio a outros, que também vieram – por quê não dizer? – do fundo
do poço e que agora caminham rumo à sua luz. Este é o nosso grupo de oração!
Mas nosso Deus é só ternura e seu amor infinito já havia fincado
"desde que nos formamos no seio de nossa mãe" um germe de felicidade,
um carisma, aquilo que podemos tranquilamente chamar de "veia
artística". E assim colocamos nossos dons à disposição de seu Doador.
É simplesmente isso. Nós somos a canção de nosso grupo de oração
entoada aos ouvidos do Pai.
Não existe em nós algo superficial, tímido ou apenas mais um "oba-oba", mas somos profundidade, por quê profundo é o que vivemos na Renovação, em nosso grupo.
Não existe em nós algo superficial, tímido ou apenas mais um "oba-oba", mas somos profundidade, por quê profundo é o que vivemos na Renovação, em nosso grupo.
Perder esse chamado de vista, abrir mão de tamanha graça é,
literalmente, tentar construir um edifício sobre a areia... e Jesus já falou
uma vez sobre esse tipo de loucura. O ministério (e o ministro) de música que
decide caminhar sem grupo de oração está, sem mais palavras, come-tendo
suicídio.
Não há dúvidas de que a RCC começa a viver um novo tempo em nossos
dias. E nós, músicos do Senhor, nesse novo tempo somos chamados a respirar o
nosso grupo de oração, inflar nossos pulmões com esta dádiva maravilhosa e,
quando soprarmos... esta será a nossa música.
O povo não precisa de "músicas bonitinhas" ou de "alguém
para animar"... o povo precisa de ministros da presença de Deus, guias de
oração através do canto, profetas que utilizam sua voz e seus instrumentos como
canais para que o próprio Deus lhes fale!
Esse é o nosso chamado, para isso fomos criados!
Claro, para que consigamos dar conta de nossa missão teremos que nos esforçar
bastante...
Por isso mesmo é interessante abordarmos aqui um aspecto muito importante de nosso trabalho: a escolha de cânticos apropriados para cada momento do grupo de oração.
Por isso mesmo é interessante abordarmos aqui um aspecto muito importante de nosso trabalho: a escolha de cânticos apropriados para cada momento do grupo de oração.
Em primeiro lugar é importante que lembremos de uma coisa: se nossa missão
é levar o povo a ter um encontro pessoal e comunitário com o Senhor, então
temos que escutar do próprio Deus o que Ele quer fazer! O processo da escolha
de repertório para o grupo de oração deve ter como primeiro critério a Vontade
de Deus, algo que só podemos discernir através mesmo da oração e da escuta. O
ministério precisa rezar antes de escolher as músicas, precisa sentir para que
lado o Senhor vai querer levar o povo naquele dia, precisa "escutar o
ruído" do vento do Espírito e deixar-se levar por ele.
Em seguida, claro, deve-se partir para o critério prático da escolha,
no qual devemos atentar para aspectos como:
1. Tema da pregação do dia.
Daí a importância capital do entrosamento entre o ministério, a
coordenação e o núcleo do grupo de oração. O tema deve ser passado com
antecedência para o ministério para que haja tempo para oração, discernimento
da música e ensaio.
2. Sugestões do pregador.
Que devem ser colhidas não no dia da pregação, mas, de preferência com
uma antecedência suficiente para que o ministério se prepare.
3. Possibilidades do ministério.
Às vezes até temos a ideia de uma música ótima, mas se o ministério não
tiver condições ainda de toca-la, o melhor é mesmo escolher uma outra música
mais conhecida e com a qual já se tenha "intimidade".
4. Possibilidades do povo do grupo.
Nem sempre vai dar tempo para o povo aprender uma música nova, então é
sempre bom lembrar que a finalidade da música não é gerar um momento bonito no
grupo, e, sim, levar as pessoas à oração. Por isso não podemos deixar de
lembrar do nosso povo na hora de escolher as músicas.
5. Particularidade de cada momento do grupo.
5. Particularidade de cada momento do grupo.
O grupo de oração tem os momentos de animação, de acolhida, de louvor,
de interiorização... O ministério precisa estar atento para quais as músicas
mais indicadas para cada um desses momentos a fim de não misturar as coisas.
Por fim, outra coisa importante a se lembrar é sobre a escolha das músicas para a Missa e demais celebrações litúrgicas. Todo bom ministro de música é "craque" em escolher esse repertório. Para esse fim recomendamos a leitura do Documento 43 da CNBB – A Música Litúrgica no Brasil e, para uma formação mais específica para a Renovação Carismática, o livro "Quem tem medo de cantar a Missa?", da Coleção RCC Novo Milênio, com lançamento programado para fevereiro de 2004.
É isso! De resto precisamos apenas ter coragem e ir à luta, pois o Senhor sempre estará conosco!
Fonte: Apostila para o Ministério de Artes RCC