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o pecado não pode frear o amor de Deus

A última Audiência Geral antes daSemana Santa foi dedicada à resposta de Deus ao sofrimento do homem. O Papa Francisco ofereceu uma Catequese na qual assegurou que Cristo libertou todos os homens da escravidão do pecado, um fato que será celebrado na Páscoa.
“O verdadeiro e radical retorno do exílio e a confortante luz após a escuridão da crise de fé, acontece na Páscoa, na experiência cheia e definitiva do amor de Deus, amor misericordioso que doa alegria, paz e vida eterna”.
O Santo Padre disse que “o Senhor é fiel, não abandona à desolação”. “Deus ama com um amor sem limites, que tampouco o pecado pode frear, e graças a Ele o coração do homem se enche de alegria e de consolação”.
Este “é o grande anúncio de consolação: Deus não está ausente, nem mesmo hoje, nessas situações dramáticas, Deus está perto, e faz grandes obras de salvação para aqueles que confiam nele”.
“Não se deve ceder ao desespero, mas sim continuar seguros de que o bem vence o mal e que o Senhor secará todas as lágrimas e nos libertará de todos os temores”. 
Francisco comentou o Livro de Jeremias que fala de consolação. “Jeremias dirige-se aos israelitas exilados em terra estrangeira para pré-anunciar o retorno à pátria. Este retorno é um sinal do infinito amor de Deus que não abandona os seus filhos, mas cuida deles e os salva”.
“O exílio foi uma experiência devastadora para Israel. A fé havia vacilado porque em terra estrangeira, sem templo, sem culto, depois de ter visto o país destruído, era difícil continuar a creditar na bondade do Senhor”.
 O Papa falou então da vizinha Albânia e, “como depois de tanta perseguição e destruição, o País conseguiu reerguer-se na dignidade e na fé, assim como também sofreram os israelitas no exílio”.
Francisco alertou que “também nós podemos viver um tipo de exílio quando a solidão, o sofrimento, a morte nos fazem pensar que fomos abandonados por Deus”.
"Quantas vezes ouvimos essa palavra: Deus se esqueceu de mim. Tantas vezes: pessoas que sofrem e que se sentem abandonadas”.
E assim, “quantos de nossos irmãos estão vivendo neste momento uma real e dramática situação de exílio, longes de suas pátrias, com o olhar marcado pelas ruínas das suas casas, com o coração cheio de medo e a dor da perda dos entes queridos”.
“Nesses casos, alguém pode perguntar: ‘Onde está Deus?’, Como é possível que tanto sofrimento possa acontecer a homens, mulheres, crianças inocentes? Quando buscam entrar em algum lugar, veem como lhes fecham as portas”, disse o Santo Padre em referência aos milhares de refugiados que encontram fechadas as fronteiras de muitos países europeus e que não lhes permitem entrar.
O Papa recordou que “o profeta Jeremias nos dá uma primeira resposta”. “As pessoas exiladas poderão retornar a ver suas terras e experimentar a misericórdia do Senhor”.
Em seguida, Francisco explicou como o povo de Israel retornou à sua terra, que agora se mostra viva e vigorosa. “Israel, de volta à pátria de seu Senhor, assiste a vitória da vida sobre a morte e a bênção sobre a maldição”.
“E assim, o povo é fortalecido e consolado por Deus”, assegurou. “Este é o dom que o Senhor quer fazer também com cada um de nós, com seu perdão que converte e reconcilia”.
Ao final da Audiência Geral, o Santo Padre dirigiu “uma cordial saudação aos peregrinos de língua portuguesa, especialmente aos grupos vindos do Brasil e às diversas comunidades escolares de Portugal”.
“Queridos amigos, desejo-vos que nada e ninguém possa impedir-vos de viver e crescer na amizade de Deus Pai; mas deixai que o seu amor sempre vos regenere como filhos e vos reconcilie com Ele, com vós mesmos e com os irmãos. Desça, sobre vós e vossas famílias, a abundância das suas bênçãos”, concluiu.
Fonte: acidigital

Se tiver o coração fechado, o perdão e a misericórdia não entrarão, assegura o Papa

O Papa Francisco dedicou sua homilia da Missa na Casa Santa Marta ao perdão sem limites que Deus tem para com os homens. “Ele quer te perdoar, mas não poderá se tiver o coração fechado e a misericórdia não pode entrar”, manifestou.
O Pontífice sustentou: “Perdoando, abrimos o nosso coração para que a misericórdia de Deus entre e nos perdoe. Porque todos precisamos disso, de pedir perdão: todos. Perdoemos e seremos perdoados. Tenhamos misericórdia com os outros e nós sentiremos aquela misericórdia de Deus que, quando perdoa, ‘esquece’”.
O Santo Padre comentou o Evangelho da liturgia do dia no qual apresenta a célebre pergunta de Pedro a Jesus: “quantas vezes devo perdoar um irmão que pecou contra mim?”.
A outra leitura trata por outro lado do Profeta Daniel e de como reza a Deus quando vai morrer em um forno ao ser condenado por rechaçar adorar um ídolo de ouro e mostrar-se fiel ao Deus verdadeiro.
“Quando Deus perdoa, o seu perdão é assim tão grande que é como se ‘esquecesse’. Tudo contrário daquilo que nós fazemos, das fofocas. E temos tantas histórias das pessoas, antigas, modernas, e não esquecemos, né”.
“Por quê?”, perguntou-se o Pontífice. “Porque não temos um coração misericordioso”, respondeu a si mesmo. “Faz conosco segundo a Sua clemência”, assinalou referindo-se à primeira leitura. “É um chamado à misericórdia de Deus, para que nos dê o perdão e a salvação e esqueça nossos pecados”.
No Evangelho, Jesus conta a parábola dos dois devedores e Francisco a recordou para falar do perdão. “No Pai Nosso dizemos: ‘perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido’. É uma equação, andam juntos. Se você não é capaz de perdoar, como Deus poderá te perdoar?”.
Nesse sentido, o Papa pôs um exemplo: “‘Mas padre, eu perdoo, mas não posso esquecer aquela coisa ruim que me fez…’. Peça ao Senhor que te ajude a esquecer: isso é outra coisa. Pode-se perdoar, mas esquecer nem sempre se consegue. Perdoar como Deus perdoa: ao máximo”.
O Pontífice pediu que a Quaresma “prepare o nosso coração para receber o perdão de Deus e poder fazer o mesmo com os outros: perdoar de coração”.
“Possivelmente não me cumprimente nunca, mas em meu coração eu te perdoei. E assim nos aproximamos disto que é tão grande, de Deus, que é a misericórdia”.
Leituras comentadas pelo Papa:
Daniel 3, 25.34-43
Naqueles dias: Azarias, parou e, de pé, começou a rezar; abrindo a boca no meio do fogo, disse: ‘Oh! não nos desampares nunca, nós te pedimos, por teu nome, não desfaças tua aliança nem retires de nós tua benevolência, por Abraão, teu amigo, por Isaac, teu servo, e por Israel, teu Santo, aos quais prometeste multiplicar a descendência como estrelas do céu e como areia que está na beira do mar; Senhor, estamos hoje reduzidos ao menor de todos os povos, somos hoje o mais humilde em toda a terra, por causa de nossos pecados; neste tempo estamos sem chefes, sem profetas, sem guia, não há holocausto nem sacrifício, não há oblação nem incenso, não há um lugar para oferecermos em tua presença as primícias, e encontrarmos benevolência; mas, de alma contrita e em espírito de humildade, sejamos acolhidos, e como nos holocaustos de carneiros e touros e como nos sacrifícios de milhares de cordeiros gordos, assim se efetue hoje nosso sacrifício em tua presença, e tu faças que nós te sigamos até ao fim; não se sentirá frustrado quem põe em ti sua confiança. De agora em diante, queremos, de todo o coração, seguir-te, temer-te, buscar tua face; não nos deixes confundidos, mas trata-nos segundo a tua clemência e segundo a tua imensa misericórdia; liberta-nos com o poder de tuas maravilhas e torna teu nome glorificado, Senhor'.
Evangelho segundo São Mateus 18, 21-35
Naquele tempo, Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: 'Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?' Jesus respondeu: 'Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Porque o Reino dos Céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. Quando começou o acerto, trouxeram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. O empregado, porém, caiu aos pés do patrão, e, prostrado, suplicava: 'Dá-me um prazo! e eu te pagarei tudo'. Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida.
Ao sair dali aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: `Paga o que me deves'. O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: 'Dá-me um prazo! e eu te pagarei'. Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: 'Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. Não devias tu também, ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?' O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão.'

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