Petição condena imagens de santos como super-heróis, personagens de desenhos e até diabo

Frente a imagens de santos que ganharam versões diferentes por uma artista plástica brasileira, católicos de Brasília reagiram exigindo providências, em uma petição direcionada ao Ministério Público do Distrito Federal. Nas mãos de Ana Smile, Nossa Senhora, por exemplo, foi estilizada como personagens tais quais Galinha Pintadinha, Mulher Gato, Malévola e até mesmo diaba.
Os produtos são comercializados pela “Santa Blasfêmia”, criada pela artista. São imagens de Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora de Guadalupe, São Benedito, São José, São Judas Tadeu e Santo Antônio.
Em resposta, foi lançada na plataforma CitizenGo uma petição de “denúncia à confecção, divulgação e comercialização de objetos que satirizam a boa fé dos católicos”.
“Desde 2015 uma página do Facebook (Santa Blasfêmia) vem produzindo e divulgando pequenas estatuetas satirizando a fé católica”, afirma o texto da petição, que classifica essas obras como “um ato de vilipêndio de objeto de culto religioso”.
Ressaltam ainda que “as características fundamentais destas estatuetas foram dadas pela Igreja Católica há pelo menos alguns milhares de anos. O seu uso indevido, além de ser contra a ética, constitui-se como um ato de violência à dita Instituição, bem como ao meu sentimento religioso”.
Diante disso, o texto expressa uma “denúncia de infração contra o Artigo 208 do Código Penal brasileiro”, que fala sobre crimes contra o sentimento religioso.
Em um vídeo postado em sua página no Facebook o autor da petição, o filósofo e especialista em Logoterapia Thiago Domingos, observou que muitas reportagens publicadas sobre este caso mostram como se houvesse “um grupo religioso, católico, que é contra a expressão artística de alguém”.
“Nós acabamos pegando este ‘chavão’ chamado direito de expressão e grudamos nele o direito de fazer o que bem entender. Isso é um grande problema ético, porque o meu direito acaba no momento que chego na linha limite do direito do outro”, afirma o filósofo, o qual reforça que “qualquer pessoa se posiciona contra aquilo que chamam de direito de expressão, logo já é tachado como alguém que não é aberto ao diálogo”.
Thiago Domingos ainda destaca que se alguém se utiliza de um patrimônio que não é seu, satiriza e ainda o usa para ganhar dinheiro, “isso é um problema ético que precisa ser resolvido, cobrado pela sociedade, pelos órgãos competentes para que, de fato, a justiça para com a religiosidade do outro seja respeitada acima de tudo”.
Por sua vez, a artista plástica Ana Smile expressou na página da “Santa Blasfêmia” no Facebook sua posição. Ela afirma ter sido criada em uma família católica e diz que seu trabalho não representa “falta de respeito”.
“Tá [sic] cansando a minha beleza esse papo de desrespeito”, escreveu ela, reiterando que não obriga ninguém a gostar do que faz.
“Não existe nenhuma falta de respeito aqui, nem no meu trabalho porque isso nunca visou religião. Como já disse, o trabalho é artístico e as peças são pra decoração. Não pra rezar”, completou.
Ana Smile ainda acrescentou que, pela Constituição, uma pessoa que se sentiu ofendida pode recorrer à “competência responsável para reclamar, interromper ou modificar algo” e, por isso, ressalva que sua página não é lugar para respostas, críticas ou ataques.
“Ao pessoal da igreja, com todo respeito, o maior dos ensinamentos de Cristo foi o amor, tinha aquela história de dar o outro lado da face, lembram? Morreu na cruz pra salvar o mundo de injustiças e agressões e vocês com essa boca suja levantando seu Santo nome em vão. Sugiro, nesse tempo livre praticar a caridade, estender a mão ou um prato de comida na rua a quem precisa ou procurarem o Ministério Público mesmo. Essa será a minha única resposta a vocês”, declarou.

Fonte: Acidigital

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